Gundam 0083: Stardust Memory

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  Gundam 0083: Stardust Memory
 

Episódios:   13
Estilo:   OVA
Gênero:   Ação/Aventura/Drama/Romance/Ficção
Tema:   Mecha/Espacial
Resolução:  720x480
Áudio:   Japonês
Legendas:  Português
Quantidade:   1 Disco
Opcional:  (1 Box c/ encartes)

Uma das práticas mais utilizadas pela grande maioria dos roteiristas e escritores de mangá e anime no Japão é a repetição constante de idéias nas obras. Dentro de um mesmo gênero, os criadores fazem plágios de si mesmos, com o objetivo de lucrar mais em cima de uma idéia forte e já estabelecida junto ao público ou simplesmente porque faltam novas idéias.

Nesse contexto, encaixa-se o gênero das produções de robôs gigantes. E talvez nenhum anime de robôs gigantes tenha idéias tão recursivas quanto a série Gundam. Criada em 1979 por Yoshiuki Tomino e outros caras da Sunrise reunidos pelo pseudônimo de Hajime Yatate, Mobile Suit Gundam não era apenas mais um anime de robôs gigantes, mas sim uma grande história de ficção científica dotada de universo próprio, bem concebido e elaborado minuciosamente por seus criadores. O universo de Gundam, por sua vez, guardava similaridades com outros já bem conhecidos do público, como Guerra e Jornada nas Estrelas. Evidentemente, a série original foi um sucesso absoluto e desencadeou no Japão uma onda de fã-clubes destinados ao tema. Eram hordas de estudantes secundaristas discutindo mecânica de robôs imaginários e buscando preciosas células de acetato dos episódios das séries.
A série original para TV gerou algumas seqüências, e em 1994, a produtora original Sunrise, conhecida também pelos fãs brasileiros como a responsável por animes como Samurai Warriors, Gasaraki e Escaflowne, foi comprada pela gigante do entretenimento Bandai. A Bandai aumentou ainda mais a presença de Gundam em todas as mídias, criando universos alternativos para a saga, produzindo incontáveis jogos de videogame e entupindo o mercado com Garage Kits. Tudo isto transformou Gundam em uma das maiores séries de ficção científica japonesa, cujo status caminha lado a lado com os "gigantes" Kamen Rider e Ultraman.
A outra medida tomada pela Bandai (e que tem a ver com o tema do review) foi a contratação de times criativos diferentes para a série. Assim, a empresa contratava os expoentes da indústria naquele momento, para que eles produzissem suas próprias séries de Gundam, imersas ou não na continuidade original do universo ficcional.
O que significa que a Bandai franqueou a série para aumentar os lucros e reaproveitar idéias fortes, já estabelecidas junto ao público e de sucesso garantido.
Gundam 0083: Stardust Memory foi produzida em 1990, antes da compra pela Bandai, mas também reproduz esse espírito. O designer de robôs é ninguém menos que Shoji Kawamori, um dos caras por trás do megasucesso Macross. Desnecessário dizer que 0083 apresenta várias expansões do conceito apresentado na série dos anos 80.
A série de OVA se passa na cronologia original de Gundam, a conhecida "Universal Century" ou UC. Nessa timeline , o planeta Terra evoluiu para uma situação de colonização do espaço realizada por grandes naves, na verdade colônias artificiais e auto-suficientes, vinculadas à "Federação", organização militarista no estilo da de Jornada nas Estrelas, só que mais corrompida. Em dado momento da História (UC 0079), as colônias rebeldes que compunham o "Principado de Zeon" partem em guerra de independência contra o planeta Terra. O Ducado organiza um exército de naves e vestes de batalha, as "Mobile Suits" e um dos seus primeiros e bombásticos atos é lançar uma das colônias na superfície do planeta. Durante o caos, a Federação desenvolve um protótipo de veste de batalha especial, depois denominada Mobile Suit Gundam.
A primeira cena de 0083 retrata o piloto Anavel Gato, integrante do Esquadrão Delaz, um dos esquadrões de Zeon, no final da Guerra de Um Ano ("One Year War"). Anavel Gato está entrando na cabine de seu Zaku (veste de batalha de Zeon) para morrer gloriosamente, quando o comandante Aiquille Delaz oferece a Gato a possibilidade de fugir, vivendo assim para lutar um outro dia.
A história salta para o ano UC 0083, na base de Torrington, Austrália, onde são treinados futuros pilotos de Mobile Suits. A base é visitada pela espaçonave de carga e assalto Albion, que traz na sua bagagem nada menos que dois protótipos de Gundam criados pela companhia civil Anaheim Electronics. A carga chama a atenção de todos na base, notadamente do tenente do exército da federação Kou Uraki, que carrega consigo seu amigo, o também tenente Chuck Keith, para visitar os robôs. Entretanto, forças rebeldes de Zeon também sabem do ocorrido, e tão logo a Albion pega a sua carga, uma ogiva nuclear, é surpreendida pelo roubo de um dos protótipos Gundam, pelas mãos de Anavel Gato, disfarçado de oficial da federação.
A situação de emergência leva Kou Uraki a uma brilhante idéia: Roubar o outro Gundam para capturar aquele que já fora roubado, causando o desespero total da engenheira da Anaheim a bordo da Albion, Nina Purpleton. Resta ao Capitão South Burning, comandante direto de Uraki, conduzir uma tropa de emergência com Zakus e o Gundam mal pilotado atrás de uma lenda viva armada com uma ogiva nuclear.
A história do anime desenvolve-se à partir da perseguição da Albion a Gato, passando por marcos históricos de batalha, como o Mar de Salomão e cidade de Von Braun, na Lua.
Embora parta de uma premissa inicial um tanto elementar (e repetida), Gundam 0083 tem sua força nas reviravoltas do roteiro, e na caracterização de suas personagens, algumas típicas, como Uraki e Gato, e outras mais complexas, como a comandante Cima. A história chega a um ponto no qual os Gundams são meras ferramentas de guerra a serviço de egos e ambições muito maiores que o bom senso, e finaliza de um modo no mínimo surpreendente, que pode não agradar a todos.
A parte técnica da série é primorosa. Uma série de OVA curta, com altíssima qualidade, sem economia de acetato, com diversos robôs, ambientes e personagens. Tudo isso antes da computação gráfica ostensiva (e muitas vezes danosa) de hoje. Shoji Kawamori realmente faz diferença na hora de mostrar a grandiosidade dos robôs, e consegue inovar mesmo no desenho militarista e chapado das Mobile Suits do universo de Universal Century. A trilha sonora não é nenhuma obra-prima, mas também não estraga a produção. A música de abertura dos primeiros episódios é daquelas que gruda na cabeça.

Enfim, Gundam 0083 prende o espectador do primeiro ao décimo terceiro episódios. O roteiro evolui e melhora em doses homeopáticas, e surpreende. Mas a série não inova no gênero, nem quebra paradigmas pré-estabelecidos; ela leva velhos conceitos às últimas conseqüências, e por isso é interessante, mas não chega a ser uma obra-prima. Vale muito, para uma série que tem suas raízes no reaproveitamento de conceitos. Assistir Stardust Memory no contexto de hoje, onde a Bandai lança uma "mina de ouro" atrás da outra, é um colírio para os olhos, símbolo de uma iniciativa feliz de um bando de japoneses nerds na década de 70, e um contra-ponto às idéias comercialóides dos gigantes do entretenimento de hoje.