"Hijutsu" é o poder da criação (uma arte secreta), que normalmente está escondido ”dentro“ de uma pessoa e que se manifesta através de uma técnica conhecida como "shinrabanshou". Dizer que esta ”dentro“ de uma pessoa é meio vago, então vamos explicar: o "shinrabanshou" está geneticamente escrito nas células do escolhido, e os clãs ninjas atuais buscam esse ”portador“ para apoderar-se dele, pois segundo o que se sabe, este poder é tão imenso que não só é capaz de controlar o mundo dos ninjas mas, também, todo o mundo. Miharu é portador de um "hijutsu". Estraguei a surpresa? De forma alguma, basta assistir aos primeiros segundos do anime e você já descobre isso. A premissa básica seria a obtenção desse poder para uso próprio ou em favor de alguém. Mas o enredo não se reduz a isso, ele nos dá uma difícil tarefa: como matar alguém que você aprendeu a gostar? Esse é o argumento inicial do mangá shounen de Yuhki Kamatani que começou a ser publicado em 2004, curiosamente pela revista Monthly Fantasy que pertence à Square Enix. Talvez este fato tenha tornado a historia do jovem Rokujou Miharu tão popular no Japão.
Miharu é um garotinho mirrado que usa e abusa de seus poderes de persuasão para detonar seus obstáculos. Como ele faz isso? Seu ar angelical (ou endiabrado) derruba qualquer oponente. Sua principal vítima é o professor Kumohira, que juntamente com um de seus alunos, Aizawa Koichi, fazem parte de um Clube de Ninjas formado no colégio. Eles tentam de toda forma possível fazer com que Miharu entre no clube, mas ele reluta e desdenha. Afinal, ele é desligado e está pouco interessado nas coisas e pessoas que o cercam, apenas quer ser o herdeiro do restaurante de "okonomiyaki" da família. Um detalhe básico: o professor Kumohira tem aversão total a qualquer meio de transporte, o que o faz andar centenas de quilômetros a pé, a não ser, é claro, quando Miharu lhe pede delicadamente, aí ele quase morre... tadinho! Alias, pra quem não sabe, "okonomiyaki" é um tipo de panqueca originária da região de Osaka, deliciosa por sinal, principalmente com molho de maçã. Hmmmmmmm!
Junte a eles a escandalosa Shimizu Raimei e o trio central das encrencas esta formado. Eles desejam transformar Miharu em um líder para, dessa forma, estabelecerem a ”Lei de Nabari“ e trazer paz aos clãs. Nessa hora, ficção e história se misturam, pois o Clã Iga surge para tentar deter e capturar Miharu, para assumir a posição de liderança no mundo dos ninjas. Surgem na figura dos Lobos Cinzentos e, logo em seguida, com o misterioso Yoite.
Yoite é um usuário de artes proibidas: com apenas um movimento ele é capaz de destroçar seus inimigos. Mas quer que seu único desejo seja atendido: ele deseja que Miharu apague sua existência. Já aviso que o mangá é um pouco diferente. Apesar de acharmos o enredo meio ”descabeçado“ de início, basta começar a assistir os episódios e nota-se que a figura de Miharu não é apenas o bobão herói mas, sim, alguém que deve ser instruído para dominar. Mais um detalhezinho: o que é aquele lacinho nas costas do Yoite? Será o detalhe cômico e delicado para o personagem mais gélido do anime?? Vai saber. Confesso que quando vejo Yoite despedaçando seus inimigos, aquele lacinho destoa totalmente.
Já era de se esperar que um anime produzido com nomes de peso envolvidos, diga-se de passagem, Square Enix e JC Staff, não fosse normal. Associem este anime aos outros belíssimos trabalhos já produzidos pela mesma equipe. Para refrescar a memória, os profissionais envolvidos na trama de Nabari no Ou são os mesmos que deram o ar da graça em: Azumanga Daioh, Karin, Shakugan no Shana, Yu-Gi-Oh! Duel Monsters, Ai Yori Aoshi, Sky Girls e Kimi Kiss... será que deu pra sentir a pressão? Por este motivo, jamais ouviremos reclamações da qualidade visual ou sonora deste anime. As bandas Veltpunch e Elisa dão o ritmo, introduzindo um enredo maduro, sombrio e algumas vezes engraçado, visto que apesar das altas doses de comédia, o enredo se foca nas lutas e intenções (sombrias) dos personagens, ou seja, sangue jorrando é o que não falta.
O anime se baseia em histórias de famílias ninjas, mas tirem da cabeça o que estão acostumados a ver, pois este anime se passa no Japão moderno, não em épocas feudais. E o personagem principal é uma criança normal, nada de super inteligência, força física ou algo do tipo, a única coisa realmente estranha é a manifestação do "shinrabanshou". Fora isso, Miharu é um típico pivete magricelo e nanico. Apesar da manifestação do "shinrabanshou" nos fazer lembrar de Naruto, não há realmente uma relação, visto que o personagem de Naruto faz de tudo para ser reconhecido como alguém necessário. Já Miharu pouco se importa com o que acham dele, mesmo por que, todo fofinho como é, o difícil é passar desapercebido. Assistam, sempre vale a pena dar uma chance a um enredo inovador.
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