Outlaw Star

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  Outlaw Star
 

Episódios:   26
Estilo:   Serie de TV
Gênero:   Aventura/Comedia/Drama/Ficção
Tema:   Mecha/Espacial
Resolução:  720x480
Áudio:   Japonês
Legendas:  Português
Quantidade:   2 Discos
Opcional:  (1 Box c/ encartes)

Quem acompanha a indústria cinematográfica sabe que existe um problema sério relacionado à mania dos produtores em apostar em fórmulas bem sucedidas, imaginando que apenas a repetição de coisas que já deram certo no passado são garantia de novos sucessos no futuro. Se um filme-catástrofe como "Independence Day" faz sucesso, é hora de criar zilhões de novos filmes com muita destruição; se "Homem Aranha" arrebentou nas bilheterias, por que não criar mais e mais filmes baseados nos universos Marvel e DC? O problema é que para cada "O Dia Depois do Amanhã" ou "Homem Aranha 2" criados, pintam dezenas de "obras-primas" nos moldes de "O Núcleo" ou "Demolidor"... depois reclamam das quedas nas bilheterias.

Outlaw Star é um ótimo exemplo desta tendência em apostar em fórmulas consagradas dentro do universo dos animes. Com o sucesso absoluto de "Cowboy Bebop", nada mais natural do que a Sunrise embarcar novamente em terreno seguro. Outlaw Star suga tanto de Cowboy Bebop que uma acusação de plágio só não procede em função dos criadores de ambas as séries serem os mesmos (Hajime Yatate). Protagonistas sempre em apuros com as finanças caçam malfeitores por todo o espaço em busca de recompensas ou, no caso de Outlaw Star, um grande tesouro. Infelizmente, comparando com os filmes de heróis, Outlaw Star está mais para "Elektra" do que para "Batman Begins".
O anime começa bem demais, com uma animação fantástica embalando a introdução da história. O anime se passa na Idade de Exploração, época em que a criação de uma tecnologia chamada Drive Munchhausen permitiu a exploração do espaço, resultando na disseminação de maus elementos, ladrões e piratas. No planeta Sentinel III, local muito parecido com a Hong Kong dos dias de hoje, vive Gene Starwind, um cara desbocado e taradão com uma tatuagem de estrela no braço e que sonha em ir para o espaço e se tornar um Outlaw. Estes Outlaws são exploradores espaciais livres que não se submetem às leis das Forças Espaciais e vivem do dinheiro obtido com os resultados das explorações e com a captura dos piratas, membros do "Pirate Guild" e maus da cabeça aos pés.
O problema é que Gene passa mal toda vez que vai para o espaço, pois sempre se lembra da morte do próprio pai ocorrida neste ambiente, durante um ataque, e isto se torna um empecilho para que a realização de seu sonho ocorra rapidamente. Ainda assim, Gene trabalha em terra ao lado de seu amigo e sócio Jim Hawking para que, um dia, possam pilotar a sua própria Grappler Ship (nave com braços) e trabalhar como Outlaws no espaço.

Claro que uma trama complexa tem que aparecer para dar uma sacudida nas coisas. Uma mulher chamada Melfina ressuscita totalmente sem memória e passa a ser perseguida por meio universo, pois parece ser de importância fundamental para se descobrir a localização do Galactic Leyline, região onde aparentemente existe um grande tesouro. Claro que Melfina cai do céu nas mãos de Gene e Jim, e a entrada na história do Mega-Império Ctarl-Ctarl, cujos membros parecem uma mistura de tigres e humanos e são mais assustadores que os piratas, só vêm trazer mais problemas aos nossos pobres amigos.
Desde o início é fácil perceber que Outlaw Star não é muito original e sobrevive às custas de milhares de idéias recicladas. O enredo se parece com o de Cowboy Bebop, Gene é uma mistura de Vash com Spike Spiegel, Jim não se diferencia muito de geniozinhos presentes em outras obras, Aisha Clan-Clan e quase uma cópia turbinada da menina-gato Merle (Escaflowne), e por aí vai. Mas, justiça seja feita, uma cópia bem feita não machuca ninguém, e os primeiros episódios de Outlaw Star são extremamente promissores. A mistura de humor, ação e drama é impecável, a animação da Sunrise está melhor do que nunca... tudo funciona tão bem que nem a sensação de clonagem em relação a Cowboy Bebop incomoda muito.
Já assisti a muitos animes em minha vida e posso dizer, tranqüilamente, que não me lembro de outra série com um início tão bom e um desenrolar dos fatos tão decepcionante. As coisas fluem muito bem até a explicação sobre as guerras do passado com os "Grappler Arms" e a entrada na história da nave Gilliam II, do comerciante Fred Luo e da assassina Suzuka. A partir daí, infelizmente, a queda na qualidade é rápida e ininterrupta.
Do lado positivo, além do excelente início, vale a pena destacar a qualidade técnica do anime como um todo, assim como personagens como o comerciante Fred Luo, amigo de Gene que é uma verdadeira raposa em pele de cordeiro, ou a nave Gilliam II, pertencente à classe XGP e construída com a inteligência dos piratas e a tecnologia da Força Espacial. Gilliam II é tão importante no enredo quanto o computador HAL 9000 em "2001 - Uma Odisséia no Espaço", só que com uma personalidade menos ameaçadora e muito engraçada, dono de uma "boca solta" que não hesita em falar sempre a verdade, doa a quem doer. Jim Hawking também é um ótimo personagem, o verdadeiro cérebro por trás de todas as ações de Gene Starwind. Musicalmente a série não tem nada de excepcional, apesar do tema de abertura, "Through the Night", ser muito bom. O universo onde se desenrola o anime é muito louco e original, e é uma pena que a história não faça jus a este rico ambiente.
Gene Starwind começa como um cativante protagonista que, aos poucos, se torna um chato imaturo que foge dos problemas e resolve tudo no grito, no entusiasmo ou na porrada. Nada no enredo explica a razão pela qual Gene é tão fodônico e quase indestrutível. Aisha Clan-Clan é insuportável e ponto final. Melfina é tão apagada e lenta que fica difícil imaginar como algo tão insosso possa ser tão imprescindível à história. Mas a pior coisa é perceber que toda a inteligência usada para criar algo instigante no início da série deu lugar a uma sucessão absurda de obviedades, explicações ridículas e soluções imbecis, com diálogos mais constrangedores do que ficar tonto em uma festa de gala e "tirar a água do joelho" na piscina, na frente de todo mundo.

Por razões inexplicáveis, Outlaw Star se tornou uma febre nos Estados Unidos, com o surgimento de milhares de fansites e ótimos índices de venda dos DVDs da série. Tamanho sucesso motivou até mesmo a criação de um "spin-off" da série chamado Angel Links. E fico a me perguntar: por que criar um "spin-off" para um anime tão comum enquanto milhões de fãs de Berserk ficam chupando dedo, aguardando uma segunda temporada? O mundo às vezes é tão injusto...