Especificação: Reproduz em Blu-ray players - BD-Rom - Playstation 3 e 4 - XboxOne.
Opoção de Box com Encarte/Inside - papel fotográfico.
Menu Interativo, com seleção de episodios e menu de contexto.
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Por mais que o novo projeto do cineasta japonês Kon Satoshi tenha a sua originalidade indiscutível, é impossível não compará-lo com os seus dois primeiros longas-metragens: Perfect Blue de 1998 e Millennium Actress de 2001. Paprika é uma espécie de mixagem entre esses dois filmes: pega emprestada a narrativa do ótimo Perfect Blue, e impõe na sua história um caso de assassinato, e também explora a narrativa do genial Millennium Actress (filme que dificilmente Kon, por mais talentoso que seja, conseguirá superar) e trata de forma primorosa (apesar de inferior ao filme de 2001) o sonho como realidade plausível ao homem, a importância e o poder da memória.
Uma máquina de psicoterapia experimental chamada Mini DC é roubada e utilizada para interferir nos sonhos dos cientistas que a desenvolveram. O Mini DC foi concebido para analisar e tratar problemas psíquicos, substituindo o relato oral do paciente pela intervenção direta do psicanalista. O criador do aparelho, Tokita (Furuya), virá a ser uma das vítimas e a Dra. Atsuko (Hayashibara) liga-se à sua mente para tentar deter o criminoso, num mundo onde as regras são inconstantes. A linha que separa o real do onírico torna-se cada vez mais difícil de identificar. É a partir desta premissa que o filme vai pra frente, e por mais que demore ao espectador se interagir por completo com a obra, esse será, antes, anestesiado pela fluidez onírica das imagens que saltam perante a tela: corpos deformando-se em plena realidade (ou seria sonho?), monstros no melhor estilo "draws", acoplados com uma paleta de cores inominável, etc.
Outro detalhe que talvez cause certa confusão no espectador que está ainda entrando no universo de Kon Satoshi seja a questão de que, em Paprika, ele concebe a sua obra mais carregada de informação narrativa e gráfica. Assim como em todas as suas obras (com exceção do encantador Tokyo Godfathers), seus personagens são tristes, melancólicos e parecem sofrer de algum distúrbio psicológico, chegando os próprios, e claro, o espectador, a duvidar de sua saúde mental. Neste embate entre o real e o ficcional, entre o 2D e o 3D é que está o maior brilhantismo do cinema de Kon Satoshi, o qual é capaz de criar, com extrema eficiência, cenas surreais que fariam David Lynch bater palmas, além de conseguir criar universos entre a tecnologia 2D e 3D que fariam Hayao Miyazaki arregalar seus pequeninos olhos (aliás, Kon Satoshi é muitas vezes repetido como o sucessor natural de Miyazaki, algo que faz até certo sentido, apesar de particularmente haver uma diferença considerável no cinema de ambos. Diria que Kon é o sucessor natural de Miyazaki não pela temática de seus filmes mas, sim, pelo seu talento como realizador de animações).
Com uma excepcional beleza visual, graças ao impecável trabalho do estúdio MadHouse, que consegue realizar sombreamentos nos personagens e nos cenários incríveis, e um roteiro interessantíssimo escrito pelo próprio diretor e por Minakami Seishi, baseado no livro homônimo de Tsutsui Yasutaka, Paprika é, sem dúvida alguma, um filme para ser assistido, apesar de que, comparado aos seus antecessores, é um filme de menor qualidade, o que não quer dizer muita coisa, tendo em vista que Kon Satoshi é um dos raríssimos diretores do cinema contemporâneo que pode dar-se ao luxo de nunca ter feito uma obra medíocre... indo mais além, dar-se ao luxo de apenas ter feito obras excepcionais.
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